segunda-feira, 21 de setembro de 2009

tanta coisa tem mudado

...que, agora sim, eu tenho motivos pra ter dificuldade em escrever. De mudança de empregos a mudança de endereço - minha mala, provavelmente, jah percorreu todas as 14 linhas de metrô de paris, ou pelo menos boa parte delas. Sendo que da ultima vez eu resolvi adicionar à minha carga de tralhas uma cafeteira que eu achei numa feira de objetos usados pelas quais eu passei por acaso, e que custou a ba-ga-te-la de 20 euros (pq ela faz café expresso de tudo-quanto-é-jeito e ainda funciona como "cafeteira" normal!). Nao é todo dia que uma super cafeteira cruza nosso caminho numa feirinha de objetos usados! E, ok, créditos à Livia Torquetti que me ajudou a transportar a cafeteira...
Eu tenho chamado de "agosto" o periodo que vai desde o dia em que eu sai de Compiègne até o dia em que eu resolvi parcialmente minhas questoes de sobrevivência, mas na verdade esse "agosto" vai até maaais ou meeenos o meio de setembro, que foi quando eu resolvi voltar a ser au pair. Muito mais por peso das circunstâncias do que por gosto pela coisa, mas apesar da minha resistência à idéia, ser au pair foi o que se mostrou a melhor soluçao pra conciliar trabalho e estudos. Até resolver isso, eu trabalhei numa sorveteria em Paris e numa "brasserie" (espécie de restaurante). Foi um periodo super bacana de identificaçao com a classe operaria,e se fosse soh pra morar e trabalhar seria o que eu teria escolhido continuar fazendo. Mas dai que a minha carga de estudos é nao apenas pesada como incompetentemente distribuida, e o jeito foi voltar a morar com uma familia.
Eu sempre nutri uma antipatia muito grande pelos "deslumbrados pela França". Primeiro pq qualquer tipo de deslumbramento é babaquice, e segundo pq, estando aqui, a gente corre sempre o risco de ser confundido com eles ou de escutar coisas do tipo "uau, que chique é estar em Paris, né?". Dai eu sempre me senti impelida a repetir que "França de c* é rola" ou "Pau no c* dos franceses", o que fez com que minha antipatia fosse um pouco transferida para a França propriamente dita. Mas com o tempo eu tenho aprendido a relevar esse tipo de coisa - que é culpa de certas pessoas mas nao de todo mundo ou, tampouco, do lugar - e tenho aprendido a aproveitar (e a enxergar) melhor as coisas legais daqui. E eu tenho achado cada vez mais legal estar aqui. Embora a saudade continue cortando (como aço de navalha), essa saudade significa que eu tenho lembranças e memorias, e que, ainda bem, elas nao vão me deixar nunca. E vão me dar sempre vontade de estar do outro lado do mar, onde eu deixei tantas coisas que eu amo.

Ouvindo Stars - Ageless Beauty