quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Camille, a exilada*

Parece piada, mas um dos filmes que marcou minha adolescência foi Camille Claudel. Pré-adolescência na verdade, pq eu acho que devia ter uns onze anos. Minha professora de artes é que passou pra turma - e essa professora nao apenas é responsàvel por um filme que me impressionou, como foi a primeira pessoa - que eu me lembre - que me despertou algum tipo de sensibilidade pra arte. Entao assim, pr'os que querem ser ou sao professores, nao percam esperanças pq este pré-adolescente mongol pra quem vc dà aula talvez preste mais atençao do que vc poderia imaginar no que é dito em sala de aula. Tô eu ai pra provar.
Enfim, desde entao eu tenho um certo fascinio pelas obras da Camille, embora soh tenha assistido o filme de novo esses dias. E gente, tem como nao pensar naquela tal de "questao de gênero" depois de ver o filme? Uma boa parte do que a Camille passou tem a ver com o fato de ela ter sido marginalizada por ser mulher, solteira, escultora, e amante do Rodin... aliàs o Rodin foi o bonitao da bala chita da historia: tipico caso de macho que fica em cima do muro e fuodasi, né, ele nao tem nada a perder mesmo. Claro que a Camille ficou meio louca antes de ser internada, mas nada que justifique ter sido internada (e por trinta anos! dà calafrios pensar nisso...). Ademais, a piraçao dela foi um processo decorrente dos acontecimentos... Mais um desses
tantos casos de mulheres de gênio que sao sufocadas pelos preconceitos, pelo machismo, pela hipocrisia familiar (e aquela familia dela também foi de lascar, perto deles o Rodin é um amador!). E a gente olha pra Historia - com H maiusculo - e se surpreende que a esmagadora maioria dos artistas/escritores/etc sao homens. A Camille é um caso conhecido, mas como diria a Virgina Wolf, "quantas mulheres foram Shakespeare e nao puderam ser Shakespeare?". A citaçao é de memoria, entao provavelmente està errada... Mas o que a Camille tem de fascinante (e de tocante) pra mim é que além da historia particular que ela viveu (e que jah é alguma coisa), ela também faz pensar em quantos outros nomes e obras de mulheres foram soterrados sem que a gente venha um dia a ter conhecimento.

*O titulo do post vem de uma carta que a Camille escreveu do hospicio pro irmao, Paul, e que termina por "... De sua irmã no exilio"

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

habemus presidenta


Me dei conta de que postei uma foto do Obama na época da eleiçao americana e que nao tinha postado nada dessa nossa eleiçao por aqui. Nao que isso conte alguma coisa, e eu soh esqueci de postar pq quase nao posto mais, mas jà que esse blog ainda existe achei que deveria corrigir o lapso.
Eu fiquei muito feliz com a eleiçao da Dilma, mas acho que nao cabe um post em restrospectiva sobre isso. A questao é que durante as eleiçoes eu tinha calafrios com a possibilidade do Serra ganhar, e pesadelos com a imagem do Lula transferindo a faixa de presidente. Nao gosto nem
de pensar na cena, o horror. Dai assim, a posse é um momento especialmente simbolico, principalmente pra quem gosta do Lula e se sente orgulhoso do governo que ele fez. Eu nao sinto là grandes identificaçoes com a Dilma, mas o Lula... O Lula é
outra historia. Sinceramente eu acho que nao serà uma boa idéia se ele se candidatar de novo, pq né? mesmo que eu ache que a imprensa é neurotica com essa historia de "sindrome de Getulio" do Lula, eu também acho que a combinaçao de carisma e personalismo é bem perigosa. Enfim, enfim. A questao é que o Lula serà lembrado, e isso é lindo. Uma das coisas mais legais foi o pai do meu namorado (acho estranho falar "sogro" pq fico com a sensaçao que é um vocabulàrio de gente casada), que é iraniano e tem um sentimento democràtico muito forte, falando comigo sobre o assunto. Me felicitando, na verdade. Poxa, ele saiu do Irã pra fugir de uma ditadura e espera um dia ver a democracia existir no pais dele. Dava pra ver que ele estava feliz, que ele compartilhava o fato de eu estar orgulhosa e emocionada com a posse e com o fim do governo Lula. E poxa, uma mulher presidente. Uma ex-guerrilheira divorciada, eleita num pais que às vezes sabe ser tao conservador. Mas eu tenho que confessar que fiquei mais emocionada mesmo foi pelo Lula.