Um amigo meu uma vez me disse: "você é uma represa! Acumula raiva e de repente sai transbordando pra todo lado". Acho que isso é uma das coisas mais engraçadas e mais verdadeiras que ele já disse sobre mim, e bem... quem já me viu com raiva sabe como eu tendo a jogar minhas farpas pra todo lado por coisas aparentemente banais (para os outros). Eu não acumulo só raiva, mas também expectativas e às vezes opiniões - se eu ainda não te disse algo aparentemente sem sentido e sem contexto, um dia eu vou dizer. É que eu acumulo juízos de valor e de repente falo "olha, eu acho isso" - sendo que o timing do assunto já se foi a muito tempo e tal. Enfim, a segunda parte do parecer desse meu amigo era o fato de ele ser uma pessoa que sente ódio e eu sinto raiva: isso quer dizer que ele odeia por muito tempo, e eu tenho uma incapacidade crônica de sentir raiva depois de expressar minha fúria. A não ser que a pessoa seja realmente escrota e eu sinta nojo da cara dela e tal, eu nunca soube ficar "de mal" de ninguém. Isso me expõe a situações ridículas, do tipo pedir desculpas mais do que necessárias e, por sentimento de culpa, ser sempre o lado que dá o braço a torcer. Às vezes acho que isso é um defeito de formação (provavelmente decorrente do meu pai ter saído de casa e blablabla - OI EU ESTOU SENDO IRÔNICA - whatever). Talvez eu faça isso porque reprove mais atitudes do que pessoas - aprendi com titio weber a separar as esferas da vida social, pelo menos nesse sentido. De toda forma, o resto do mundo demora a compreender isso e eu tenho que ficar me explicando o tempo inteiro (oi, como se eu já não fizesse isso). Mas okei, talvez eu seja ofensiva. Na verdade, a depender do caso, eu sou cruel. Mas isso fica para outro monólogo, quando for o caso, porque sim, tô escrevendo tudo isso porque estou com raiva no momento e queria imaginar uma forma realmente racional de lidar com isso.
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