quinta-feira, 11 de novembro de 2010

sobre meninos e meninas

Depois de me aventurar - e me viciar, diga-se de passagem - no twitter, senti necessidade de ressuscitar esse blog pra escrever sobre um assunto que daria bem mais de 140 caracteres: os franceses. Mais especificamente os homens franceses, cuja fama de lerdeza deve ser internacional. Tava conversando esses dias com um amigo, que jà morou no Brasil e jà ouviu isso tanto de brasileiras quanto de francesas, que reclamam que eles nao tomam iniciativa - e nao tomam mesmo, gente. Os unicos franceses atirados dos quais jà tive noticia têm ascendência italiana (sei que é clichê demais definir o pertencimento nacional de acordo com o critério de "prafrentismo", mas sao os FATOS!). Enfim, enfim. Dai esse meu amigo disse que a culpa disso tudo é do movimento de 68. Pasmem, de acordo com ele (e com amigos que ele citou) toda a conversa feminista foi realmente incorporada à educaçao e à socioalizaçao familiares, tipo sermoes maternos sobre os direitos iguais da irmãzinha e essas coisas mais. Vejam bem, eu nao sei se isso é verdade mas eu nunca tinha pensado em associar esse frouxismo ao feminismo. E faz sentido quando a gente compara os franceses com todas as "naçoes" de homens de fama latin lover - Brasil e Itàlia estao longe de ser paises onde as relaçoes entre os sexos passe por qualquer coisa que se possa chamar de "igualdade", e dizendo bem ràpido, sao paises machistas mesmo. Mas no caso dos franceses, eu nao sei se se trata de um excesso de "Girl Power" [/spice girls] mas é verdade que existe um certo receio dos homens pra dar um aproach (e uma certa babaquice das mulheres, pq eu acho as francesas bem chatas, mas nao é este o assunto do post). Eu quero deixar bem claro que eu nao acho que NAO exista machismo na França; mas, sinceramente, eu jà morei com algumas familias e trabalho num colégio, e pelo menos até onde minha capacidade de observaçao alcança, o machismo é infinitamente menos explicito nas relaçoes entre meninos e meninas (ou entre pais e maes, irmao e irmã, etc etc etc). Soh pra dar um pequeno exemplo, eh muito dificil escutar cantadas na rua, e quando vc escuta, elas vêm de àrabes, ou italianos, ou brasileiros (né?), e raremente de franceses. Acho que eu nao preciso me alongar sobre o principio machista das cantadas. Fiquei me perguntando se a reclamaçao com a lerdeza dos franceses nao revela a falta de um cara que as trate como pano de chão, ou que as chame de lagartixa. Mulheres sao complicadas, né, e a tendência a reclamar é infinita. Eu acho que também pode parecer estranho, às meninas de socializaçao tupiniquim, um cara que as chame pra sair sem querer "algo mais" na mesma noite. Claro que os franceses também curtem um one night stand de vez em quando, mas é incrivel como eles parecem em geral estar procurando "compromissos". Mas o fato de as francesas também reclamarem talvez queira dizer que os franceses acabaram se castrando demais com essa historia de aceitar as garotas no comando. Afinal, se a demanda é por uma relaçao igualitària, uma troca de posiçoes apenas muda quem està com poder ao invés de dividi-lo. Ao mesmo tempo, têm me passado pela cabeça que todos esses latin lovers têm muito a aprender quanto ao respeito mùtuo. Gente, claro que eu nao quero generalizar pq eu conheço caras - brasileiros - otimos. Mas acho que deu pra entender que esse foi um post sobre clichês, sem nenhuma pretençao de "aprofundamento". Foi o que eu disse antes: eu sempre corroborei a critica à "lerdeza" dos franceses, mas nunca tinha pensado que isso têm a ver com a forma como eles se relacionam com as mulheres - e que é, digamos, menos hieràrquica do que as "formas de socializaçao" brasileiras. Nao sei se dà pra reportar as causas disso ao Movimento de 68. No Brasil, pelo menos, a existência de "caras lerdos" nada tem a ver com qualquer tipo de respeito igualitàrio (e sim com insegurança de macho alfa). E, mais uma vez, é claro que nao estou falando dos "caras legais". Mas fiquei me perguntando se esse papo de Girl Power internalizado com a mamadeira explicaria, ou nao, o caso dos frenchs. Pra mim, pelo menos por enquanto, fez certo sentido.