sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

eye of the tiger

Eye of the Tiger é inevitavelmente associada a Rocky, mas pra mim ela se tornou significativa por causa de Persépolis. Pra quem nao conhece, é um filme sobre uma iraniana que cresce durante os primeiros anos da Revoluçao Iraniana, depois vai estudar na Austria, e depois de "umas coisas ai" (nao vou contar né, gente), volta pro Irã... pra depois partir de novo. O filme tem um pano de fundo muito esclarecedor sobre a situaçao no Irã, mas a historia da Marjane, sua situaçao de expatriada, a volta dificil ao pais, tudo isso é muito universal - acho muito, muito bonito quando o pai dela diz, antes de ela ir pra Austria, "nao se esqueça nunca quem você é e de onde você vem"*.

E serve pra todo mundo né, e como serve!

Eye of the Tiger é usado no filme quando ela jah està de volta ao Irã, meio deprimida, e decide se reerguer, seguir em frente. Num espirito bem "survivor", mesmo. Mas o que eu mais gosto é de ela ter cantado essa musica com sotaque. No cd da trilha do filme ela é cantada "normalmente", mas durante o filme é de uma forma bem amadora (preparem os ouvidos). E o sotaque. Pra mim é sensacional, por causa dessa leitura da "condiçao do estrangeiro" que pode ser feita do filme -durante a sequência da musica ela està de volta ao Irã, mas existe toda aquela questão de que, uma vez que a gente se expatria, a gente se torna também estrangeiro em nossa propria terra.


Nao sei se foi em tudo isso que ela pensou quando quis colocar esse sotaque na musica, mas é nisso que eu penso, nesse "ser estrangeiro" que tem também muito de ser survivor, de matar um leão por dia. Pra cada um de uma forma diferente, com pos e contras diferentes, mas é sempre dificil.

Pelo menos pra quem nao vive em comercial de margarina ;o)

E aqui, um trailerzinho do filme com a musica, dessa vez bem afinadinha. Achei lindo:






* Na verdade eu sei que essa frase do pai dela està no livro, mas nao lembro se tem no filme.
Eu li o livro antes, e como sempre, vale muito a pena e é mais completo que o filme. Aliàs eu conheci meu namorado na época em que estava lendo, nem foi de proposito, rs. Ele é franco-iraniano.

7 comentários:

Luana disse...

Nao conheco esse filme! Vou ver com Maridon, que virou fa da historia do Ira depois de fazer alguns amigos de la...

marthacomth disse...

Jah te falei por email, mas... assistaaa! Na verdade o livro é mais legal, mais completo e tal, mas o filme tb é muito bacana.

Olivia disse...

Nossa, eu amo esse quadrinho/filme. Eu vi o filme primeiro, nao fazia muito tempo que tinha voltado da Alemanha da primeira vez. E assim, eu tinha ficado so um ano e mesmo assim a readaptação foi dificil e quando eu vi o filme quase caí de costas. Tava tudo ali. Quero dizer, a situaçao dela nem se compara, né, mas a parte de ser estrangeiro em qualquer lugar... nossa. Agora nao me sinto mais assim, na verdade. Mas qdo vc esta fora nunca deixa de se sentir assim, nesse limbo, e qdo volta tb, porque é um momento mto sem chão. Qdo a gente está fora pensa q qdo voltar vai encontrar casa de novo, mas tudo mudou, aí existe uma crise bizarra, q vc nao pertence a lugar nenhum (por isso o nowherelander, né)... nossa! Mas enfim, depois de mto tempo eu li o livro, e o engraçado é q eu saí dele com outra impressao. Assim, a msg principal p/ mim foi outra qdo eu li. Engraçado isso, né.

Olivia disse...

E gente, seu blog nao me deixa postar logada pelo wordpress!

marthacomth disse...

Qual foi a mensagem do livro pra vc? :)

Eh, talvez sejam mensagens diferentes mesmo... Na verdade eu li pelo mesmo angulo, tanto o livro quanto o filme, mas de certa forma eu "vejo" o que vc quer dizer. Mas é claro que o contexto tb influencia muito - os dois eu li/vi aqui na Fr, entao tendo a me apropriar da mensagem da vida de estrangeiro e tal. Mas essa coisa de "survivor" me vem principalmente por causa do filme (bom, obviamente né, com a musica e tal). O que me marcou no livro foi mais essa coisa de ter raizes (que nao significa estar enraizado na terra, mas passar a ter raizes que se deslocam, a partir do momento em que a gente saiu do nosso mundinho...)

E nao sei pq nao te deixa comentar com o wordpress!! Na verdade eu sou uma anta com tecnologias, entao... :/

Olivia disse...

Então, da segunda vez eu também estava fora, na verdade fazendo aquela viagem logo antes de voltar pro Brasil. Eu fiquei pensando menos no imigrante e a visão dele do que na visão sobre ele. Entende? Essa coisa de ver o imigrante sempre primeiro como alguém pobre e sem conhecimento. Eu fiquei pensando muito no que ela dizia que é necessário se educar, ler. Talvez eu tenha prestado mais atençao no jeito como ela usava o conhecimento de forma mais prática, quero dizer, pra interpretar o mundo ao redor mesmo. Porque eu tenho uma birra imensa com a acadimia, que produz pra si mesma.

marthacomth disse...

Nossa, eu nem prestei tanta atençao nisso que vc està falando! Engraçado isso! :)


E eu tb tenho birra da academia Olévia... muita birra desse povo que vive em bolha e nao sabe nada da ""realidade"" (entre mtas aspas pq né. realidade é uma coisa que nao existe em si). além do fato de que ela - academia - se apresenta como uma das poucas opçoes pra quem estuda ciências humanas. Isso é fueda.